Distância mais Saudade

Ah, quem te dera aqui
falas-me ao ouvido
e lembras-me de ti
em pensamentos perdido
não topo na verdade
com distância nem saudade

Nunca tão longa a distância
nem a saudade tão forte
foram noutra instância
ou de outra sorte
da que em sorte me cabe
nesta distância e saudade!

Estou de raiva certo
e de paciência farta
por não te haver por perto:
para o raio que a parta
esta pura maldade
de distância e saudade!

Volta depressa meu amor

Volta depressa meu amor
que sem ti envelheço
que estagno e apodreço
que toda a vida por mim
passa esvaída de apreço.

Volta, que longe eu esmoreço
que afastando assim
tão triste e carmesim
desvio da estrada em rigor
nesta distância sem fim.

Não serei feliz enfim
minha vida, meu fulgor
enquanto só teu não for
porque longe de ti padeço
por ti, meu amor.

E eu? Que sei eu de amor?

Mote:
de mil peitos o fervor
não sabem o que é amar.
E eu? que sei eu de amor?

Voltas:
Desta vida ao luar
colhi eu mil anuências
não me restam experiências
ou carícias por trilhar.
Dito todas as ciências,
que suplicam o favor:
e eu? que sei eu de amor?

Caminho pela rua fora
como um arco retesado;
muito aumenta o meu legado
a passada de outrora.
tendo em conta o meu passado
eu sorrio com humor:
e eu? que sei eu de amor?

Cheguei a ti em sobeja
cioso de te ofuscar:
não consegui nem mostrar
uma só lição que seja.
fizeste-me duvidar
se esqueci o antigo ardor:
e eu? que sei eu de amor?

Vejo muito ter vivido
e que nada sei agora.
Não esperei pela demora
de ter de novo nascido.
O teu amor é a aurora
e conclusão do pudor:
e eu? que sei eu de amor?